Em teoria sim… na prática não!
A Agricultura Vertical não será capaz de competir com produção em grande escala de cereais como o milho, trigo ou arroz.
O sector de mercado da agricultura em que a Agricultura Vertical irá sobressair é na produção de frutas, vegetais, verduras e cogumelos em localizações urbanas mais próximas dos consumidores como terraços, caves, parques de estacionamento ou mesmo em infraestruturas desactivadas como uma estação de metro, por exemplo. Nestes casos, as plantas estão a crescer até ao momento de colheita, que é muito próximo do momento de consumo, pois não será necessário tempo de espera e transporte até aos grandes centros urbanos. Assim podemos garantir não só que estamos a aproveitar todo o valor nutricional, mas também que o produto terá uma validade superior!
Olhemos para as principais características de variedades apropriadas para a tecnologia actual de agricultura vertical:
- Compactas – plantas de pequeno porte (como folhosas) permitem uma utilização óptima do espaço de chão, uma vez que é possível pôr mais plantas por m2 resultando numa maior cobertura do espaço. Isto facilita também o planeamento da intensidade de luz necessária para cada nível, pois não será necessário mover as luzes para mais perto da canópia (o que aumenta os custos de mão-de-obra caso não esteja automatizado) nem alternativamente ter luzes de maior intensidade para alcançarem as plantas quando estas são mais jovens e pequenas.
- Ciclos de produção curtos – Como terá de ter em conta o custo energético associado à produção indoor (iluminação e controlo climático, principalmente), irá beneficiar de ciclos mais curtos. Note-se também que cultivos em Agricultura de Ambiente Controlado têm, por norma, ciclos mais curtos que cultivos em ambientes abertos.
- Colheita elevada – Embora este factor seja importante em qualquer método de cultivo, é especialmente importante quando se trata de agricultura vertical. É necessário ter em conta a quantidade de massa da planta que tem valor de mercado. Por exemplo, em folhosas é de 85% – quando se exclui os caules e raízes- até 100% – nos casos em que toda a planta pode ser vendida. Por contraste, frutas, como o tomate, exigem que haja uma grande quantidade de energia canalizada para o crescimento de folhas e caules que não têm valor de mercado.
- Elevado valor acrescentado – Em ambientes controlados é mais fácil produzir alimentos de alta qualidade no que diz respeito ao valor nutricional, à apresentação estética e à uniformidade. Isto acontece porque é possível controlar as condições ambientais para que estas estejam em níveis óptimos. Pela mesma razão, é também possível produzir certos alimentos que não seria possível produzir no exterior no local geográfico em que se encontra. Resumindo, é importante ter em atenção quais os produtos de valor acrescentado no mercado em que se insere, seja por aparência, valor nutricional ou por pertencerem a um nicho específico. Além disso, poderá também acrescentar o valor de serem produzidos sem pesticidas, com baixa pegada de água e com uso responsável de fertilizantes.
- Procura ao longo do ano – Caso deseje um retorno mais célere do seu investimento inicial em infraestrutura e equipamento, convém que tire partido do benefício de poder cultivar qualquer cultura em qualquer momento do ano, independentemente das condições exteriores. Este tipo de cultivo é também perfeito para produção de clones e mudas que não são fáceis de encontrar em todas as estações, como por exemplo mudas de tomateiros, pimentos, morangos, durante o inverno).
- Frescura – É também importante selecionar culturas que normalmente têm períodos de validade curtos, ou seja, perecíveis. Esta estratégia vai trazer-lhe vantagens face à agricultura tradicional, e vai permitir vender em mercados que só têm frescos ocasionalmente. Exemplos:
Folhosas: Alface, Espinafres, Manjericão, rúcula, mostarda, microvegetais etc
Vegetais: Kale, Couves, Pack-choy, Acelgas, etc.
Frutas: Tomate, Morangos, pepino, pimento